terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Chapada Diamantina - Parte IV



Travessia da Fumaça + Vale do Capão.


    Quarta parte da aventura solo pela Chapada Diamantina, realizada entre os dias 7 de janeiro e 10 de fevereiro de 2011. A navegação pelas trilhas foi feita utilizando apenas o mapa “trilhas e caminhos” e bússola.



Dia 22: Travessia da Fumaça - Avante pela traiçoeira Serra do Veneno


     Pela manhã o dia estava bem agradável, com sol tímido entre as nuvens e o vento leve arrastando algumas folhas pelo chão, enquanto sanhaços se fartavam com deliciosas mangas que caíram do pé durante a noite. Enquanto eu fazia meu café, chegou uma família enorme no camping, trazendo cachorro papagaio o que mais tinha direito. O som do vento e da água do rio Lençóis foi substituído por gritaria e caos, mas tudo bem, eu que estava no lugar errado. Desmontei a barraca, arrumei mochila e fui em direção ao centro pra fazer as compras finais. Durante a caminhada pelas ruelas, fitava os ornamentos das casas e me despedia daquela bela cidade.

     Depois de tudo pronto, segui em direção ao Ribeirão do Meio pela mesma trilha que usei quando fui a cachoeira do Sossego. No caminho, passei por um quiosque e peguei algumas dicas. Deveria atravessar o Ribeirão em algum ponto e iniciar a subida da famosa Serra do Veneno. Essa parte é muito confusa e não é muito claro onde se atravessa, muito menos onde inicia a trilha. Atravessei onde dava, acima da “Rala bunda” e então comecei a investigar as trilhas. Existia mais de uma, e muitas vezes são imperceptíveis devido à lajes de pedra. Provavelmente não era o início “tradicional”, mas não podia perder o muito tempo procurando. Meio desconfiado, segui atentamente por aquelas lajes, sempre subindo. A trilha estava sutíl demais pra ser a principal, mas o que importava era que estava na direção correta.


Quiosque.


     A subida da Serra do Veneno é forte, mas nada demais comparado ao que já tinha passado até ali, inclusive, achei a Serra do Bode pior. Após aproximadamente 40mim de subida, a inclinação diminui e ficou mais suave. No topo, a trilha passa por um trecho de altas samambaias e de capim gordura bem vistoso, pouco antes de entrar numa mata, já descendo em direção ao rio Muriçoca. Passei por uma pequena toca, que fica a esquerda da trilha, e logo a frente já era o rio.

     No rio Muriçoca fiz uma parada para lanche, foi bem rápido, pois o rio faz jus a seu nome. Fui incomodado por centenas de muriçocas, que não me deixaram em paz nem um segundo. Seguindo em frente, subi um pouco para sair da margem do rio e da mata, ladiei uma encosta pela esquerda e cheguei ao mirante da Toca da Onça.


Rio Muriçoca.
    A visão que se tem desse mirante é incrível, dá pra ver boa parte da região do Marimbus, o rio Capivarí até a cachoeira homônima, e parte do canyon do rio Capivara. O fato de você ficar a sobra e estar ventando faz tudo ficar melhor, eu ficaria ali por horas, só curtindo e apreciando aquela bela paisagem. Mas, infelizmente, já passava das 12h e tinha que seguir caminho. 


Cachoeira Capivarí e encontro do rio homônimo com o rio Capivara.
    A partir desse ponto desci ligeiramente pela encosta já na lateral do canyon do Capivara. Nessa parte passei pelo único trecho que apresenta alguma dificuldade, trata-se de uma pequena parede de pedra, de aproximadamente 3m, embora seja cheia de fendas e lugares pra segurar, deve-se descer com cuidado pra não perder o equilíbrio com a cargueira. Em grupos, o ideal seria descer mochila e pessoas separadamente, que facilitaria bastante.

Deve-se descer com cuidado.

     Pouco antes de chegar ao camping da Palmital, a trilha sobe um pouco e logo desce para o rio. Cheguei na área de camping as 12:50h, deixei a mochila por lá e fui até a cachoeira do Palmital, que fica bem próximo, uns 3mim subindo o rio. Depois de algumas fotos, desci, peguei a mochila e continuei a trilha, em direção a cachoeira do Capivara. A trilha inicia a direita do rio Palmital. Esse trecho é uma descida bem íngreme até o rio no fundo do canyon. Em menos de 40 mim já estava na cachoeira Capivara.


Cachoeira do Palmital.

     No poção da cachoeira encontrei um rapaz (não lembro o nome), enquanto batia algumas fotos ele me contou a sua “saga”. Ele tinha saído de Lençóis acompanhado de um casal, mas tinham se perdido na serra do Veneno por dois dias, com isso o casal desistiu, mas como ele estava determinado, continuou, e esse já era o quarto dia da sua travessia. Ele iria acampar por ali mesmo, mas eu ainda pretendia adiantar mais um trecho, sendo assim, me despedi e segui em frente.

Cachoeira Capivara.

     A trilha continua pela direita, passa pela área de camping da Capivara e segue subindo o rio. Essa parte é tranqüila, e as 15:20h cheguei na Toca do Macaco. Na toca tinha alguns equipamentos, sinal que tinha alguém na cachoeira da Fumaça. E pelo horário, iriam passar a noite na toca. Ainda era muito cedo, daria tempo de ir na Fumaça, mas não valeria muito a pena, por ser no finzinho da tarde. Fiquei por lá, montando a barraca e arrumando minhas coisas tranquilamente.

     No fim da tarde as pessoas apareceram, eram dois grupos, um de apenas duas pessoas (um guia local e um estrangeiro) e outro com três estrangeiros mais um guia de Salvador. Os estrangeiros estavam reclamando do guia de Salvador, que parecia ser muito arrogante. Já o guia local, era mais educado, embora não falasse inglês.
 
     Algo que me chocou, foi o guia local cortando uma árvore pra usar como lenha. Não sei ao certo se a árvore já estava caída, pois vi de longe, mas tive a impressão que não.


Barraca montada na Toca do Macaco.

     Durante a noite o guia local fez uma macarronada ao molho vermelho, com direito a azeite, queijo e a molho shoyo, como havia feito em excesso, me convidou para comer também. Dormi em minha barraca, enquanto todos os outros dormiram sobre as pedras usando saco de dormir. Felizmente o tempo ficou estável durante a noite.


Dia 23: Final da travessia da Fumaça e chegada ao Vale do Capão.

     Pela manhã, o guia fez salada de fruta com granola e mel, mas uma vez me beneficiei da generosidade. Quero deixar bem claro que nunca na vida comi tão bem no meio do mato, as duas refeições estavam extremamente bem feitas e deliciosas, hauahauah.

     Após tomar o café da manhã, desmontei a barraca e comecei a arrumar a mochila. Quanto estava terminando, os dois grupos saíram, pegando a trilha para a parte alta da cachoeira. Escondi a mochila entre as pedras no fundo da toca e segui em direção a cachoeira da Fumaça. Saí da toca as 8h, o início da trilha é menos claro, mas depois fica muito bem marcado. A trilha alterna entre lajes de pedra, emaranhado de raízes e locais de terra batida. Essa diversidade do terreno enriqueceu muito a caminhada, a tornando muito agradável. O desnível é baixo, e enquanto andava já podia vislumbrar o início da queda. 


Trecho da trilha para a Fumaça.


    As 9h eu estava na beira do poção, aos pés da segunda maior cachoeira do Brasil. Só estando lá para sentir o quão imponente são aqueles paredões. O início da queda é tão distante que parece que o próprio céu está derramando. Fiquei algum tempo por lá, e então voltei até a toca.


Cachoeira da Fumaça vista de baixo.


    Chegando na toca peguei minha mochila, e pouco antes de sair o rapaz do dia anterior apareceu, dei algumas dicas pra ele e segui em frente.

     O início da subida do macaco é um pouco delicada, e deve-se subir com cautela. Enquanto se ganha altitude, tem-se uma bela visão da outra vertente do canyon, o vale do rio Capivara. É um lugar quase inexplorado, de onde ecoa os sons estridente das arapongas. Mais acima cheguei ao rio que desce no morro do Macaco, e as 12:30h parei para fazer um lanche e descansar um pouco.

Vale do rio Capivara.

     A partir desse ponto tive um pequeno contra tempo, pois existem algumas trilhas batidas e erradas, acabei pegando uma delas que me fez subir para o lado errado. Com isso, cheguei ao topo da serra e não encontrei trilhas satisfatórias, apenas rastros duvidosos. Gastei algum tempo procurando, mas resolvi descer novamente. De volta a trilha correta, segui subindo a serra. Chegando ao topo da serra a trilha fica muito tranqüila, e as 13:50h cheguei a parte alta da cachoeira da Fumaça.

     No topo, um visual incrível, dá pra ver todo o gigantesco canyon, e sentir aquele frio na barriga ao chegar bem na beirada e olhar pra baixo, enquanto o vento ecoa em seu ouvido. A sensação de liberdade é tanta, que parece que é possível voar. Também é relaxante ver a água caindo, tão distante, que é como se fosse em câmera lenta. No poço da cachoeira tinha algumas pessoas, mas lá de cima pareciam pequenas formigas boiando na água. Fiquei um tempo por lá, tirei algumas fotos no mirante e fui andando pelo rio até bem próximo da queda. Encontrei novamente os dois grupos, eles já estavam saindo..

Canyon visto do topo da Fumaça.
Mirante, no topo da Fumaça.
Cachoeira da Fumaça, vista de cima.

     Pouco após as 15h, peguei a trilha para o Vale do Capão. A trilha é quase uma BR, larga e muito movimentada. Andei cerca de meia hora no plano, antes de começar a descer. Nesse ponto pode se avistar todo o Vale do Capão, o inicio das Gerais dos Vieiras e o Morro Branco.  A descida é bem desgastante, principalmente na parte mais íngreme. Enquanto descia fiquei contemplando a bela visão do Morrão, ao norte.


Trilha da Fumaça por cima.

     Por voltar das 16:30h cheguei ao pé da serra, numa pequena ruela que se formou na saída da trilha. Estava muito quente, e fui atraído por uma pequena placa que dizia “açaí”. Após me fartar, resolvi experimentar o famoso suco de tamarindo (vide chaves), que achei muito bom. Após esse momento sublime, refrescante e hidratante, continuei o caminho para a vila. Quase chegando, passei por dois campings. Um era um simples fundo de quintal, e praticamente não tinha estrutura, o outro, logo ao lado, era bem interessante, mas não gostei muito do preço.


    Chegando na vila, me recomendaram o camping do sr Dái, que fica a 10mim pela estrada que da acesso ao Vale do Pati. Chegando lá, achei um bom lugar e o preço era bom (R$ 7), acabei ficando. O sr Dai é um antigo garimpeiro da região, e conhece muito bem aquelas serras. Foi com ele que peguei preciosas informações, como o nome das tocas na região do rio Piçarras, inclusive, ele morou durante alguns anos na toca do Jaílton.

Instalado no camping do Sr Dái.


Dia 24: Poço Angélica e cachoeira da Purificação.


     Nesse dia fiz um passeio leve, fui até a cachoeira da Purificação e ao poço Angélica. As trilhas são simples e não tem muito segredo, basta seguir a estrada em direção ao vale do Pati até o fim (cerca de 6km a partir do camping), cruzar o riacho e pegar a trilha a direita na placa informativa. Depois disso, segue-se por uma trilha até o poço Angélica. O posso era grande o suficiente para nadar, mas a água estava muito gelada e turva. A trilha para a Purificação continua pela esquerda. Deve-se ficar atento pois é necessário trocar de lado da margem algumas vezes.

Águas turvas no Poço Angélica

     A cachoeira da Purificação tem a queda e o poço bem modestos, mas é um lugar agradável. Foi nessa hora que notei que os rasgos da minha bota tinham aumentado, além de ter surgido outros. Era questão de tempo até ela desintegrar completamente.


Cachoeira da Purificação.

     Depois disso, fui até a vila, fiz compras e passei o resto do dia no camping conversando com o pessoal e planejando o dia seguinte.


Dia 25: Morrão e Águas Claras.

     Quando eu desci da Fumaça por cima fiquei encantado com o Morrão, e esse dia eu decidi ir conhecê-lo. Para chegar até lá são cerca de 2:30h caminhada. E um pouco mais a frente chega-se em Águas Claras, no entanto, a trilha se bifurca antes do Morrão. Minha idéia era apertar o passo e conhecer os dois lugares de uma vez.

     Saí do camping por volta das 9h, passei na padaria da vila para tomar café e comprar o lanche da caminhada. Para ir ao Morrão, deve-se pegar a estrada sentido Palmeiras, e tomar uma trilha que inicia em um campinho de futebol, logo após a encruzilhada para a trilha da parte alta da Fumaça. Após descobrir isso e seguir por esse caminho, cheguei numa estradinha paralela a serra. No início da estrada passa-se por algumas chácaras, até cruzar um riacho. Após esse trecho inicia-se uma subida suave, no fim da subida volta-se a avistar o Morrão.  

Morrão visto da estrada.
Morrão, já bem próximo.

     Nas bifurcações que encontrei pelo caminho, tomei sempre a direita, e no fim da estrada cheguei a uma casinha velha, com uma cerca ao redor. Não vi ninguém na casa, mas existia uma horta bem cuidada nos fundos. Não vi sinal da trilha continuar, então resolvi atravessar a cerca e procurar do outro lado da casa. Fiquei um tanto receoso por entrar no quintal dos outros assim, mas havia chamado e ninguém apareceu. Andei ao redor da casa e nada, voltei para fora da cerca. Olhando bem, encontrei um trilha tímida subindo acompanhando a cerca por fora, segui subindo em um dado ponto a trilha quebrou a esquerda e adentrou na mata. Continuei a diante por alguns minutos e logo encontrei uma trilha mais batida. Um pouco mais a frente cruzei um pequeno riacho e passei por um trecho que a trilha sumiu, pois o solo era arenoso. Mantive o mesmo sentido, até chegar uma pequena mata ciliar. Procurei um bom ponto para atravessar o riacho e assim encontrei a trilha principal. Após a mata já me deparei com o Morrão bem a minha frente, rodeado apenas por pastos. Segui pela sua direita até ultrapassar todo seu comprimento, após essa parte a trilha desce ligeiramente a direita, chegando, por fim, em Águas Claras.



     Águas Claras é um lugar que como o próprio nome já diz, as águas são claras, diferentemente da maioria dos outros lugares da chapada, onde a águas são “cor de coca cola”. O local é bem aberto, possui alguns poços para banho mas nenhuma cachoeira. Lá também não possui árvores de grande porte, apenas arbustos, e poucos. Pra quem gosta de sombra e água fresca, ficou devendo a sombra. Haviam cerca de 10 pessoas no local, e todas estavam nuas. Apesar disso, como nas demais cachoeiras, eu não tirei nem a camisa pra entrar na água, huahauahaua.

Águas Claras, poço principal.

    Depois de lanchar e nadar no poço principal fui em direção ao Morrão. A princípio iria contorná-lo pela direita, mas depois achei melhor ir por onde eu tinha certeza que era o caminho, contornando pela esquerda. Voltei um trecho pela trilha, e para não dar uma volta muito grande, comecei a contorná-lo bem próximo aos paredões. No início era apenas capim, mas como sempre, as coisas foram complicando, a vegetação ficou mais alta e surgiram pedras e pequenas fendas. Nada demais, mas também não tão trivial quanto uma trilha comum.

Contornando o Morrão.

     Cheguei na trilha principal já na metade da subida final, essa ultima parte é muito íngreme, quase uma pequena escalada. Vencendo essa parte, chega-se sobre o Morrão, mas não no topo. Na verdade, o topo tem formato de uma “sela”, ou seja, tem um pequeno vale no centro, sendo as duas pontas mais altas. Para ver tudo, tanto ao norte quanto o sul, tem que subir nas duas. Primeiro subi na cabeça norte, de onde se avista o morro “Cara Suja” e o vale em direção ao Pai Inácio, além da Águas claras. 


Trilha para o Morrão, trecho final.


Vista ao norte. Morro Cara Suja à esquerda.


Região de Águas Claras ao fundo.


    Após algumas fotos, desci para o vale e então subir a cabeça sul. Minha água tinha acabado, e eu estava morrendo de sede. Resolvi dar uma investigada por lá, acabei encontrando uma pequena nascente, que apesar da pouca água, foi suficiente pra matar a sede, é lógico que fiz uso de alguma paciência. Já em seguida, subi na cabeça sul. Lá de cima é possível ver o início do vale do capão, a serra da Chapada e a serra do Candoba bem ao fundo. Sentei a sobra de uma pedra, fiz um lanche e fiquei observando a paisagem por um tempo.

Visual ao sul. Inicio do Vale do Capão no centro.
Diversidade de bromélias no topo do Morrão.
    Por volta das 16h comecei a descer, enquanto descia a parte mais crítica, fiquei pensando o quão complicado ficaria caso estivesse chovendo, felizmente o dia foi ensolarado. Na volta foi mais tranqüilo, pois peguei a trilha principal o tempo todo. Cheguei ao Capão por volta das 17:40h.




Dia 26: Cachoeiras das Rodas, Rio Preto e Poço do Gavião.


     Nesse dia a intenção era visitar as cachoeiras Rodas e Rio Preto, além do Poço do Gavião. Mas visitar todos em um dia só não é nada viável. São trilhas distintas, e segundo me diziam, para chegar ao Poço do Gavião levava cerca de 2:30 hr. Durante a noite anterior, havia conversado com um cara que freqüenta a região há vários anos. Perguntei se existia alguma trilha que ligava a cachoeira do Rio Preto ao Poço do Gavião, ele disse que não, mas que existia um caminho que eu podia tentar. Bem, se existia a possibilidade, eu devia tentar, afinal, nada como um desafio para apimentar o dia!

     Já era quase 9h quando saí do camping, passei na padaria e segui em direção a Rodas. Essa cachoeira é a mais próxima e de fácil acesso. Apesar disso, não é tão simples chegar, existem várias bifurcações, e deve-se tomar nota antes de ir. Eu mesmo acabei chegando a Cachoeira do Rio Preto antes da Rodas, peguei o caminho errado. A cachoeira do Rio Preto é bem modesta, no entanto, tem um excelente poço. Fiquei um bom tempo por lá antes de voltar até a Rodas. A região da Rodas é cheia de lajeados e pequenos poços, bom local pra passar o dia.

Cachoeira do Rio Preto.
Poção no Rio Preto.

     Após visitar as duas cachoeiras, fui a procura do caminho para o poço do Gavião. O primeiro passo era chegar até a ponte velha, em algum ponto acima da cachoeira do Rio Preto. No caminho tinha pequenas trilhas secundárias, acabei sendo atraído por elas na esperança de me levarem até o alto da serra. Não deu muito certo, essas trilhas não levaram a lugar algum, sempre desapareciam em algum ponto. Com isso o tempo foi passando, e já era 14h da tarde quando cheguei a ponte velha.

     Atravessei o rio e comecei a subir a serra do outro lado, a oeste, praticamente em direção contrária ao poço, esse caminho dá uma boa volta. Depois de subir esse trecho íngreme, cheguei a uma estradinha, então comecei a descer ao sul até chegar a uma pequena fazenda, onde fui recebido por cães latindo. Por sorte o caseiro estava lá, e acalmou os cães. Conversei um pouco com ele, e acabei ganhando algumas mangas. Depois de guardar as frutas na minha mochila, desci em direção ao rio e o atravessei.  Agora estava próximo, só precisava subir a serra do Candoba até o poço do Gavião. Isso foi muito simples, apenas subi pelo rio, e em 50 mim cheguei ao poço, rá!

Poço do Gavião.


    Cheguei ao poço por volta das 15:45h, lá encontrei dois rapazes lá do camping do sr Dái. Estava faminto, aproveitei pra devorar as mangas que havia ganhado. Usei o resto da tarde para nadar no enorme poço. O poço do Gavião é, sem dúvida, um dos lugares mais agradáveis do Vale do Capão. Ótimo para passar o dia relaxando.



     No finzinho da tarde pegamos a trilha tradicional em direção ao Capão. A trilha inicia-se subindo a serra, depois segue pela crista até o Bico do Gavião, que é uma pedra pontuda na horizontal, lembrando um bico. Lá paramos para ver o pôr do sol e bater algumas fotos do vale e do Morrão, que é possível ver perfeitamente. As 18h, descemos a serra, chegando ao camping já durante a noite.

Trilha tradicional do poço Gavião, sentido Capão. Morrão no centro.
Bico do Gavião.


Dia 27: Palmeiras e Cachoeira do Riachinho.


     Esse seria o meu último dia no Capão, tinha que pagar o camping e fazer compras para a próxima travessia. Porém, estava com pouco dinheiro. O lugar mais próximo para sacar pelo Banco do Brasil é a cidade de Palmeiras.

     Ainda era cedo, umas 9h, então tentei conseguir carona. Fiquei lá cerca de 1h, e nada. Acabei pagando R$5 para ir numa caminhonete. Na verdade, saquei pela lotérica. Por sorte, logo em seguida já tinha uma van para o Capão.

     Como já tinha cumprido meu principal objetivo do dia, resolvi passar a tarde na Cachoeira do Riachinho. Ela fica a beira da estrada, entre o Capão e Palmeiras. Pedi ao motorista pra deixar lá, e em 3 mim já estava no poço. O lugar é legal e tem um lajeado bem ao lado da cachoeira, ideal para descansar e tirar um cochilo.

Cachoeira do Riachinho.

     Fiquei por lá até as 16h, depois fui para estrada na tentativa de uma carona. Fiquei lá cerca de 20mim e já consegui. Chegando no Capão, fiz as compras para a próxima travessia, que seria a última da viagem.

Antonio Junior

5 comentários:

  1. Estou há meses esperando postagem sobre a volta na Ilha Grande... fiquei curiosa de como foram os últimos 180°...

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  2. hauahauaha, demorei pra entender. Então, Milze, estou meio sem tempo, mas vou escrever assim que der. Ainda mais agora que fui cobrado =P
    até mais

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  3. Ainda tô esperando rs!
    Ah... desculpem-me por ter feito tanto barulho no camping ao arrumar minhas coisas tarde da noite... é que eu fiquei com medo de deixar pra manhã, acordar atrasada e perder o barco.
    Abraço!

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  4. Fala Antonio blz?
    Não sei se se lembra, nos conhecemos na Pedra da Mina 2 anos atrás.
    Cara, gostei muito da região e do seu relato, tá afim de publicar esse relato no altamontanha?
    Ele é bem grande então acho que seria legal dividir em pelo menos 2 ou 3 vezes, dá pra colocar umas 10 fotos em cada.
    Se estiver afim de publicar me escreve: parofes@gmail.com
    Abraços
    Parofes

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  5. Parabéns pelo post!
    http://vila-de-igatu-chapada-diamantina.blogspot.com.br

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